Último seminário do ciclo ‘Mulheres na Ciência’ discute políticas científicas

24/11/2021 14:05

O Espaço Cultural Gênero e Diversidades do Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades e a Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), promove, na próxima segunda-feira, 29 de novembro, o último encontro do I Ciclo de Seminários Temáticos: Mulheres na Ciência. Com o tema Mulheres na política científica: associações científicas e agências de financiamento, o evento tem início às 18h30 e transmissão pelo Canal do IEG no YouTube.

Participam do seminário as pesquisadoras Bárbara Segal Ramos, docente do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC e secretária adjunta da Secretaria Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência de Santa Catarina (SBPC-SC); Betina Stefanello Lima, analista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Deborah Bernett, gerente de Ciência e Pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc); e Débora Peres Menezes, professora do Departamento de Física da UFSC e presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). A mediação do debate será feita pela professora do Departamento de Antropologia da UFSC Miriam Pillar Grossi.

Fonte: Notícias UFSC

Prêmio Mulheres na Ciência: Cristina Scheibe Wolff

24/11/2021 10:05

Em 2022, a historiadora Cristina Scheibe Wolff completa 30 anos como professora do Departamento de História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (CFH/UFSC). Com uma trajetória acadêmica marcada por significativas contribuições ao debate sobre questões de gênero no campo da História, Cristina é uma das homenageadas pelo Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC). Ela foi a vencedora na área de Ciências Humanas da categoria Sênior, voltada a pesquisadoras que ingressaram na UFSC até o ano 2000.

Para quem sempre buscou ressaltar a relevância de dirigirmos um olhar para a História a partir de uma perspectiva feminista, essa conquista revela-se ainda mais especial: “Eu me senti muito honrada e feliz, fiquei muito emocionada por ter sido uma das escolhidas. Esse prêmio mostra as mulheres como protagonistas da ciência, chama a atenção de todos que fazem parte da UFSC, professoras e professores, estudantes e servidores técnicos, além da própria sociedade, para a importância da atuação das mulheres como pesquisadoras”, avalia Cristina. Para ela, ao destacar a carreira das mulheres cientistas e sua presença no campo acadêmico, o prêmio é um incentivo para as jovens cientistas: “É um estímulo para que continuem pesquisando, apesar da situação tão difícil que o campo científico está vivendo no Brasil. Ao perceberem que outras mulheres fizeram suas carreiras como cientistas e seguem contribuindo para a produção científica no Brasil, elas são incentivadas a trilhar o mesmo caminho, a pensar que a carreira acadêmica é uma possibilidade.”

Dar visibilidade à presença das mulheres não apenas no campo acadêmico, mas nos mais diversos espaços de atuação, vivência e transformação da sociedade é uma característica intrínseca ao trabalho que Cristina vem desenvolvendo na UFSC desde seu ingresso como docente, em 1992. “Ao longo da história, as mulheres sempre foram invisibilizadas. A grande questão não é que não existiam mulheres fazendo ciência. Geralmente, as estruturas sociais contribuíram para que as mulheres fossem invisibilizadas e esquecidas, nos mais diversos campos intelectuais. Quando pensamos em grandes escritores de tempos passados, por exemplo, já falamos automaticamente em escritores, no masculino. Pensamos logo nos homens, dificilmente nos lembramos das mulheres que também foram grandes escritoras.”

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Tags: Mulheres na Ciência 2021

Prêmio Mulheres na Ciência: Ana Lúcia Severo Rodrigues

22/11/2021 10:52

Ao longo das últimas duas semanas, a Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) tem publicado reportagens sobre as vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). Na sétima matéria da série, conheça a trajetória e o trabalho de Ana Lúcia Severo Rodrigues, contemplada na Categoria  Sênior – voltada a docentes que ingressaram no quadro permanente da UFSC antes de 31 de dezembro de 2000 –, na área de Ciências da Vida.

Ana Lúcia é professora do Departamento de Bioquímica e dos programas de pós-graduação em Bioquímica e Neurociências e bolsista de produtividade em pesquisa nível 1B do CNPq. Coordenadora do grupo de pesquisa Neurobiologia da depressão, tem se dedicado a compreender os mecanismos bioquímicos e fisiológicos envolvidos nessa enfermidade e na regulação do humor, com estudos que podem colaborar com o desenvolvimento de novas possibilidades de tratamento e prevenção da doença.

Apesar de sua longa carreira dedicada à pesquisa e ao ensino (são quase 30 anos somente como professora na UFSC) e de sua extensa produção (mais de 200 artigos publicados, de 8 mil citações e de 50 alunos de mestrado e doutorado orientados), a docente recebeu com surpresa o anúncio da premiação: “Quando fiquei sabendo, acabou sendo, de certa forma, uma notícia muito impactante. Não estava exatamente esperando que fosse acontecer, porque a gente sabe que tem excelentes profissionais. Eu fiquei muito feliz, com certeza. É um reconhecimento da trajetória acadêmica e principalmente da dedicação que a gente tem à ciência e às atividades de pesquisa e de ensino”.

Para ela, prêmios como esse, voltados ao reconhecimento de mulheres cientistas, além de dar visibilidade aos trabalhos das pesquisadoras, podem servir de estímulo a outras meninas e mulheres. “Acaba sendo uma iniciativa que ajuda a promover a produção científica feminina e a atrair e incentivar jovens talentosas a também ingressarem no mundo da ciência. Sempre acho que têm muitas jovens que são interessadas pela pesquisa, mas, até pela pesquisa às vezes não ter tanta notoriedade, principalmente essa produção científica feminina, elas não se incentivam. E acho que tem muitas jovens que são curiosas, que são interessadas e que poderiam ter uma carreira científica de sucesso se as oportunidade forem dadas”, comenta.

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Prêmio Mulheres na Ciência: Maria José Hötzel

19/11/2021 17:06

As memórias das experiências vividas no meio do campo, dos verões quepassou junto com a família em uma fazenda de seus tios, na Argentina, despertaram em Maria José Hötzel o interesse pelos animais ainda na infância. Do início da graduação em Medicina Veterinária ao posto de pesquisadora mundialmente reconhecida na área do bem-estar animal, Maria edificou uma carreira exemplar e agora acrescenta ao currículo o Prêmio Mulheres na Ciência 2021, concedido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A homenagem tem como objetivo estimular, valorizar e dar visibilidade às mulheres da UFSC que fazem pesquisas científicas, tecnológicas e inovadoras, inspirando a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuindo para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Docente do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, vinculado ao Centro de Ciências Agrárias (CCA), Maria sagrou-se vencedora na área de conhecimento Ciências da Vida, na Categoria Plena, voltada a pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da Universidade entre 31 de dezembro de 2000 e 31 de dezembro de 2013.

Nascida em Buenos Aires, Maria José Hötzel viveu parte da infância no Rio de Janeiro (RJ) e na capital argentina até se estabelecer com a família em Porto Alegre (RS), aos 12 anos. Cursou Medicina Veterinária na graduação e concluiu o mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Obteve o título de PhD pela University of Western Australia, experiência que compartilhou com o marido, o professor Ricardo Ruther, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. “As pessoas que nos conheciam acharam meio exótico a gente ir para a Austrália, um país que poucos conheciam na época. Eu tive muita sorte com o orientador, o tema da tese, o grupo de pesquisa, a universidade e a cidade. Tive uma excelente formação e foram quatro anos muito bons do ponto de vista pessoal”, recorda a professora.

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Tags: Mulheres na Ciência 2021

Prêmio Mulheres na Ciência: Lucila Maria de Souza Campos

17/11/2021 10:13

O gosto pelas ciências exatas e um DNA para a educação levaram Lucila Maria de Souza Campos, professora do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, a interromper uma carreira no mercado para se dedicar a algo que já fazia seus olhos brilharem: a pesquisa em gestão ambiental e o ensino. Na pesquisa, consolidou parcerias internacionais e produziu artigos que são referência no mundo. Já no papel de formar, seguiu os passos do pai e da mãe – esta também um dos exemplos femininos marcantes na sua jornada. Ela foi vencedora da categoria plena, na área de Ciências Exatas e da Terra, do Prêmio Mulheres na Ciência 2021.

Pensar no que pode fazer diante das adversidades é um dos focos da carreira de uma mulher que, quando menina, já era muito estudiosa. Seu olhar para o espaço feminino na ciência está bastante associado a essa percepção – a de atingir resultados com empenho e a partir dos desafios estabelecidos. “Percebi que este é o foco das mulheres premiadas: o de buscar o que se pode fazer mesmo com as dificuldades”, comenta. “Nossa maior dificuldade é porque fazemos muitas coisas que a sociedade atribui a nós. Mas eu valorizo muito o tempo. E o tempo de qualidade é também mais produtivo”.

Na trajetória dela, esse é um caminho que se cruza também com uma determinação para uma ciência ainda em construção. “Ainda estou buscando o grande resultado de pesquisa, pois entendo isso como uma construção, não como algo que já está fechado”. Nessa busca gradativa e processual, o exemplo dos colegas e das colegas e a parceria com orientandos tem se mostrado um componente essencial da sua carreira. “Sempre me espelho neles”, sintetiza. A parceria com o companheiro, o também professor Maurício Nath Lopes, também é citada como um componente essencial da vida e da carreira.

Mas é ao olhar para as colegas que, como ela, também foram premiadas, que Lucila lembra que a UFSC tem sido um berço de mulheres pioneiras, que se destacam pelo trabalho e pela trajetória científica. Particularmente na área das Exatas e Engenharias, onde ela atua desde 2010, um ambiente ainda bastante povoado por homens, essas jornadas sempre chamaram a sua atenção – e também do colega Enzo Frazzon, que incentivou sua candidatura ao prêmio. “Não achei que ia ganhar, pois a qualidade dos currículos das mulheres inscritas era muito impressionante, o que me deixou muito feliz. Receber a notícia foi um reconhecimento por aquilo que tenho feito”.

A professora também acredita que a conquista traz uma responsabilidade, já que ter o nome destacado entre todas as mulheres pesquisadoras da UFSC pressupõe um compromisso para lutar para que o prêmio se torne uma prática institucional. “O prêmio é muito importante para a universidade. Temos que fazer com que continue e seja valorizado tanto dentro quanto fora da instituição”, pontua. “Esse reconhecimento não traz só visibilidade para os currículos, mas para histórias muito bonitas”.

Exatas mais humanas

Lucila começou sua trajetória na Engenharia de Produção na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Com pelo menos metade das colegas mulheres, ela lembra de não ter sentido o impacto da desproporção entre homens e mulheres, algo comum em outras áreas da Engenharia. Também recorda do acolhimento do campus e dos primeiros passos na pesquisa – foram três anos como bolsista de Iniciação Científica.

A opção pela Engenharia de Produção se deu pelo gosto pelas ciências exatas, mas também pela conexão com uma ciência que se baseia em pessoas, processos e na gestão. Foi nesse campo, aliás, que ela firmou a maior parte dos seus trabalhos relacionados ao meio ambiente e à busca por caminhos para transformar uma indústria que polui em uma indústria mais comprometida com a sociedade.

Ainda na graduação, Lucila já demonstrava um perfil para o trabalho científico. Foi durante a apresentação de um trabalho em um congresso que ela chamou a atenção do professor Neri dos Santos, hoje docente voluntário da UFSC. “Ele era chair de uma sessão e, depois que apresentei, me chamou e disse ‘menina, você tem jeito para a pesquisa’. Aquilo ficou na minha cabeça”, recorda.

O mestrado e o doutorado foram realizados na UFSC, entre 1994 e 2001, sempre buscando a perspectiva ambiental. A passagem pela Stanford University, no doutorado sanduíche, entretanto, fez com que decidisse encarar os desafios do mercado. “Lá, percebi que precisava de experiências práticas. Voltei, suspendi a bolsa e passei três anos em uma empresa”, recorda. A experiência, entretanto, nunca a afastou de dois grandes fundamentos da carreira: a pesquisa e a área ambiental.

Aperfeiçoar processos para diminuir perdas ambientais

A professora narra sua imersão na pesquisa como quem percorre do micro ao macro. Nas primeiras experiências acadêmicas, buscava respostas sobre os sistemas de gestão de uma empresa, na tentativa de identificar os impactos que suas práticas poderiam produzir no meio-ambiente. Depois, lançou o olhar para a cadeia de suprimentos, com o envolvimento dos fornecedores e também do cliente final. Mais tarde, ampliou a perspectiva para a economia circular – “uma forma de ver o sistema de produção sem ser sob uma ótica linear”, como ela própria define.

Hoje, ela é uma entre as 35% das mulheres na UFSC que integram o quadro de bolsistas de produtividade do CNPq. Considerada um marcador na trajetória científica, a bolsa é destinada a cientistas com alta produção e impacto. Em seu projeto mais recente, ela trabalha em busca do Índice de Circularidade de Resíduos Sólidos, ou seja, na tentativa de mensurar o quanto um resíduo pode circular e os custos e benefícios disso para uma empresa.

Lucila sempre se considerou uma cientista curiosa. Foi isso, aliás, que lhe atraiu para os estudos ambientais. Observadora, ela se deu conta de que, em sua época de formação, sequer havia disciplinas que discutissem a temática e a tratassem com a devida profundidade. “Escolhi esse tema de pesquisa em 1994 e, de lá para cá, o tema só cresce. É uma área que quanto mais estudo, mais me apaixono”.

Uma das conquistas mais recentes foi uma premiação obtida pela orientanda Lívia Moraes Marques Benvenutti com um artigo da tese A fleet-based well-to-wheel model for policy support: the brazilian socio-technical light-vehicles system transitions. O reconhecimento – um dos quatro obtidos somente em 2021 – ainda teve um sabor especial: foi a primeira vez, na história, que a Associação Nacional de Programas de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia de Produção selecionou o trabalho de uma cientista e uma orientadora mulheres como o melhor na categoria doutorado.

O trabalho integra o debate sobre a sustentabilidade ambiental de tecnologias para a mobilidade e traz também subsídios teóricos e empíricos para a definição de estratégias empresariais e para a formulação de políticas públicas para uma transição da matriz energética dos transportes. “Todo dia tento fazer algo que me dê orgulho, por isso às vezes é difícil destacar uma grande pesquisa ou um grande resultado. Tudo faz parte de uma construção”, aponta.

Neste processo de construção, a pesquisa aplicada traz uma série de desafios para o pensar e para o fazer de Lucila. “Nós temos resultados tão positivos, tão promissores que sempre me pergunto como podemos fazer para que as pesquisas sejam ainda mais úteis à sociedade”, reflete. A utilidade, nesse caso, estaria diretamente relacionada também ao campo no qual ela atua, que exige cada vez mais a busca de soluções concretas e inteligentes rumo à sustentabilidade. “Penso que escolhi uma área em que posso fazer o bem”, resume.

As parcerias internacionais são um dos caminhos mais naturais para uma pesquisadora comprometida com um problema de escala mundial. Uma das parcerias, realizada com a University of Ljubljana, da Eslovênia, reuniu nos últimos anos pesquisadores da UFSC e da Universidade Federal de Santa Maria sob a liderança de Lucila. Cientistas eslovenos chegaram até ela por conta de um dos seus artigos de grande repercussão internacional e, juntos, investiram em um projeto de análise comparativa das características e tendências dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) de empresas dos dois países no setor da construção civil.

A pesquisa teve duração de três anos e envolveu uma intensa colaboração entre os países. Mas, ao longo da trajetória, a pesquisadora também somou outros parceiros ao redor do mundo – pelo menos duas das cartas de recomendação da candidatura ao prêmio Propesq são assinadas por pesquisadores britânicos. Foi lá que Lucila realizou sua pesquisa de pós-doutorado, que a levou a atuar como professora visitante na ​​University of London, uma das mais tradicionais do Reino Unido.

“Todas essas parcerias e possibilidades surgiram quando voltei para ser professora da UFSC, em 2010. Meus trabalhos melhoraram de qualidade e comecei a ser contactada por pesquisadores de vários lugares do mundo”, relembra. “Esse ganho de qualidade também foi possível porque a universidade está bem posicionada nos melhores rankings do mundo e tem uma importância essencial, além de ter excelentes profissionais e alunos no seu quadro”, completa.

Por isso, para Lucila, é difícil recuperar sua trajetória apenas a partir de uma perspectiva de gênero ou mesmo lançando o olhar para uma única grande pesquisa. No ponto de vista dela, cada pessoa – desde o pai e a mãe, inspiração como professores – até os colegas e alunos são parte de uma história ainda em construção, cujo melhor resultado científico está sempre por vir.

Prêmio Mulheres na Ciência

O Prêmio Mulheres na Ciência foi criado pela Propesq com o propósito de estimular, valorizar e dar visibilidade às pesquisadoras da UFSC. Também visa inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Confira a lista com todas as premiadas.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Mulheres na Ciência 2021

Prêmio Mulheres na Ciência: Daniela Karine Ramos

16/11/2021 13:06

Desde a semana passada, a Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) tem publicado reportagens sobre as vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). A quarta matéria da série aborda a trajetória e o trabalho da professora do Centro de Ciências da Educação (CED) Daniela Karine Ramos, vencedora na área de Ciências Humanas, Categoria Plena, voltada a docentes que ingressaram na UFSC entre 31 de dezembro de 2000 e 31 de dezembro de 2013.

Daniela é professora do Departamento de Metodologia de Ensino e do Programa de Pós-Graduação em Educação e uma das coordenadoras do grupo de pesquisa Edumídia – Educação, Comunicação e Mídias, além de atuar como como professora colaboradora do Mestrado em Recursos Digitais em Educação do Instituto Politécnico de Santarém (Portugal). Há mais de dez anos, dedica-se a projetos de pesquisa e extensão relacionados ao uso de jogos eletrônicos na Educação, com estudos voltados especialmente à aprendizagem e ao desenvolvimento de funções cognitivas. Sua produção acadêmica e científica soma 85 artigos em revistas científicas, 13 livros publicados e organizados, 37 capítulos de livro e 49 trabalhos completos em anais de evento.

Ela também é divorciada e mãe de três crianças – Julia, Mateus e Eduarda, de 11, 9 e 6 anos, respectivamente. E foi justamente da percepção dos múltiplos papéis que assume, assim como muitas outras mulheres, que veio um dos estímulos para se inscrever na premiação. Para Daniela, essa era uma forma de valorizar a iniciativa e reconhecer a importância da mulher na ciência e os diferentes desafios enfrentados pelas pesquisadoras. “Tenho três crianças pequenas, fiquei na pandemia com eles sozinha, e [com ensino] remoto, computador e trabalho… Então muitas vezes é uma condição bem diferente da de homens que atuam na universidade. A gente tem esse desafio, muitas vezes, de uma responsabilidade maior como mãe. Normalmente, numa situação de divorcio é a mãe que acaba ficando mais responsável pelas crianças”, enfatiza.

Daniela com os filhos – Julia, Mateus e Eduarda – durante o período de seu pós-doutorado, em Portugal. Foto: arquivo pessoal

Trajetória acadêmica e profissional

Daniela iniciou sua trajetória profissional ainda no Ensino Médio, em atividades não relacionadas à vida acadêmica, como uma bolsa na Secretaria de Estado da Educação. Egressa de escola pública, também precisou trabalhar para pagar o cursinho pré-vestibular que a permitiu conquistar a desejada vaga no Curso de Psicologia da UFSC, no qual entrou em 1998.

Graduada em Pedagogia e Psicologia, Daniela aplica conhecimentos de suas duas áreas de formação em atividades de ensino, pesquisa e extensão. Foto: arquivo pessoal

Na época, recebeu uma bolsa de assistência social da Universidade – uma modalidade que não existe mais, voltada a alunos de baixa renda e que exigia a contrapartida em trabalho. “E aí trabalhei digitando nota de combustível na reitoria, na coordenação do Curso de Nutrição, e acabei indo depois trabalhar no NDI [Núcleo de Desenvolvimento Infantil]. E quando trabalhei no NDI, me apaixonei. A professora Eloísa [Helena Teixeira Fortkamp], que foi a pessoa com quem trabalhei no berçário, foi uma inspiração. Achei muito legal o trabalho que era desenvolvido com as crianças.” Foi então que decidiu prestar vestibular para Pedagogia na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), ingressando no curso no segundo semestre de 1999. “Eu estudava Psicologia de manhã, trabalhava à tarde e fazia Pedagogia à noite. Me mantive toda a graduação trabalhando, morando em São José, pegava umas filas naquela ponte… Eu brinco que paguei todos os meus pecados dessa vida e de outras na minha formação”, conta. “Foi uma trajetória de muita determinação para conseguir o que eu queria”, complementa a docente.

O envolvimento com a pesquisa e o uso de tecnologias na educação tiveram início com uma bolsa de iniciação científica na Udesc, quando, sob orientação da professora Ademilde Sartori, estudou o ensino a distância – área em que chegou a trabalhar por algum tempo em uma empresa privada. Em 2002, formou-se em Pedagogia e, no ano seguinte, graduou-se em Psicologia e começou o mestrado em Educação na UFSC, com o objetivo de investigar os processos colaborativos mediados pelo uso da tecnologia. Na sequência, deu início ao doutorado, no mesmo programa de pós-graduação, e às pesquisas com jogos eletrônicos, analisando suas questões éticas e morais, enquanto também dava aulas como professora substituta em três instituições de Blumenau.

Em 2010, ingressou como professora na UFSC e, desde então, tem se dedicado a projetos de extensão e pesquisa diretamente relacionados às suas duas áreas de formação. As atividades se focam no uso de tecnologias digitais na educação básica com o propósito de melhorar as condições para aprendizagem pelo aprimoramento das funções cognitivas. Entre 2018 e 2019, realizou pós-doutorado na Universidade de Aveiro, em Portugal, mesmo período em que iniciou sua atuação como professora colaboradora do Instituto Politécnico de Santarém, também em Portugal.

Escola do Cérebro e jogos cognitivos

Tela da plataforma Escola do Cérebro, que reúne diversos jogos cognitivos

Entre seus trabalhos de maior destaque, está a Escola do Cérebro, uma plataforma gratuita que integra jogos cognitivos a uma base de dados, visando ao exercício das habilidades cognitivas de forma lúdica e com possibilidade de acompanhamento e orientação sobre o desempenho e as características dos jogadores. O software oferece suporte ao desenvolvimento de atividades nos contextos escolar e doméstico e teve seu registro aprovado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

“A plataforma atualmente está sem atualização, porque a gente está sem recurso para atualizar, mas a gente produziu muitos trabalhos em torno disso, até fiz a conta para um edital que estou mandando. Só em artigos de revistas, foram mais de 20 trabalhos; teve seis dissertações que orientei que olharam para as contribuições disso que foi desenvolvido; alunos que analisaram o uso com crianças com necessidades especiais, em atendimento especializado, para aprendizagem de matemática, para a questão da interação social e que olharam a velocidade de processamento cognitivo”, explica Daniela.

Os estudos da Escola de Cérebro, assim como outros conduzidos pelo grupo de Daniela, são realizados junto a escolas públicas e ONGs. Foto: arquivo pessoal

Os resultados alcançados e publicados acerca do uso da Escola do Cérebro no contexto escolar indicam uma série de benefícios, tais como: melhor desempenho, rapidez e persistência na resolução de problemas, tanto relacionados aos desafios dos jogos como nas atividades escolares; maior controle emocional; aprimoramento de habilidades sociais; aumento da motivação e do comprometimento; aumento no tempo e na qualidade da capacidade de atenção; e manifestação de um repertório maior de comportamentos pró-sociais, como prestação de auxílio a colegas com dificuldades e comportamentos mais colaborativos durante os jogos.

Os projetos de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico foram desenvolvidos vinculados ao LabLudens, laboratório que funciona junto ao Colégio de Aplicação da UFSC e se configura como uma cognoteca – um espaço que reúne um conjunto de jogos e atividades, analógicas e digitais, voltadas ao desenvolvimento cognitivo. Além disso, uma série de atividades de pesquisa e de extensão, incluindo palestras e formações de professores, foram desenvolvidas no Colégio de Aplicação, em escolas municipais e ONGs que atendem crianças em situação de risco.

Trabalhos sobre jogos cognitivos integram projetos de pesquisa e extensão. Foto: arquivo pessoal

Atualmente o grupo de Daniela se dedica a um novo jogo, o Sensidex. Um protótipo da versão em tabuleiro já está pronto, e a versão digital está em processo de desenvolvimento, com apoio de voluntários que fazem parte do Edumídia. O objetivo é trabalhar as competências emocionais das crianças, mais especificamente o controle inibitório, uma habilidade cognitiva relacionada ao controle de nossas emoções e à adaptação de nosso comportamento às diversas situações cotidianas.

“É um jogo que tem uma narrativa de extraterrestres que vêm numa missão intergaláctica, porque o planeta deles está ficando cinza, e eles vêm buscar as cores das emoções e aprender um pouco sobre as emoções com os humanos. Aí as crianças vão tendo vários desafios, minigames, que passam pelo reconhecimento das emoções básicas, de quais emoções são mais adaptadas àquelas circunstâncias, de como se comportar em relação às emoções dentro de algumas situações. Tudo muito lúdico, com os personagens, que são os etezinhos, enfim, eles são bem bonitinho”, conta Daniela. Confira a abertura da história e os personagens no vídeo abaixo:

Prêmio Mulheres na Ciência

O Prêmio Mulheres na Ciência foi criado pela Propesq com o propósito de estimular, valorizar e dar visibilidade às pesquisadoras da UFSC. Também visa inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Confira a lista com todas as premiadas.

 

 

Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC

 

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Mulheres na Ciência 2021

Prêmio Mulheres na Ciência: Marília de Nardin Budó

16/11/2021 13:05

Ouvir a pesquisadora Marília de Nardin Budó falar é, quase que instantaneamente, sentir-se tocada por seus objetos de estudo, tão marginais, quanto essenciais para as ciências humanas. Transitando entre detentos, vítimas das grandes corporações ou simplesmente vítimas de um sistema judiciário que escolhe quem punir, Marília construiu uma trajetória intelectual que é fruto de um olhar sensível e acurado para os desvios do mundo e para grandes problemas estruturais da sociedade. Ela foi uma das vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), na categoria júnior, na área de Ciências Humanas.

Há apenas dois anos no quadro de professoras da UFSC, a atuação dela chamou a atenção de estudantes e de colegas que acompanharam seu pioneirismo em áreas consideradas marginalizadas nos estudos de Direito. A indicação ocorreu a partir de uma colega e de estudantes e foi referendada em carta de recomendação, entre elas a de sua orientadora no mestrado, a professora aposentada da UFSC Vera Regina Pereira de Andrade, uma das suas referências para entrar no campo da criminologia.

“Me sinto, sim, uma jovem cientista”, brinca Marília, como alusão à categoria na qual foi considerada destaque. “Mas tem um percurso aí. E o prêmio vem como uma transição para um momento que estou vivendo, agora com o credenciamento no programa de pós-graduação da UFSC”, comenta.

Mas o olhar para as questões de gênero não foi forjado por títulos e conquistas. A pesquisadora, que se destaca pela produtividade e também pelos estudos com colegas argentinas, norte-americanos, espanhóis e italianos, é crítica ao modo como as relações de gênero se constroem nas universidades. “Não há como comparar homem e mulher nesse espaço. Como estudante você sente a diferença de tratamento, o olhar como objeto. Na docência, é perceptível a diferença de carga horária em sala de aula e nos cargos administrativos em que é preciso ‘carregar o piano’”, afirma.

As vivências pessoais como mulher, jovem, num lugar que reproduz desigualdades por estar inserido num sistema, somam-se às reflexões de uma pesquisadora que tem na crítica aos sistemas de poder um dos nortes da sua atuação. Por isso, a perspectiva que assumiu faz com que ela reconheça que outras mulheres prepararam um território para ela atuar. “Outras vieram antes de mim. É preciso fazer com que o cenário mude para minhas alunas e orientandas, como no passado também já fizeram”.

Entre o Direito e o Jornalismo

Os insights para as principais pesquisas de Marília não negam sua dupla formação. Um livro da professora Vera Andrade, que viria a ser sua orientadora de mestrado, na UFSC, e um texto da jornalista Eliane Brum, uma das mais premiadas do Brasil, revelam como a articulação entre mídia e direito a transformaram numa pesquisadora que transita entre os dois campos, lançando um olhar crítico para ambos.

Do livro de Vera, Ilusão de Segurança Jurídica, veio o fim da própria ilusão que ela carregava sobre o processo penal, a crença nas normas e nas promessas do Estado de Direito. “A criminologia foi desestruturante pois, a partir dela, comecei a perceber que há uma seletividade, que carrega estruturas de raça, gênero, classe e que opera nesse sistema”, resume.

Já o texto de Eliane Brum a inspirou a desbravar um outro campo pouco conhecido nos estudos do Direito: o da criminologia verde, no qual investiga como o sistema penal também produz distorções na esfera ambiental. Nessa investigação, aliás, a pesquisadora também se sente com o ímpeto de uma jornalista: para problematizar aspectos legais sobre como a indústria de amianto afeta a saúde dos cidadãos do seu entorno, compartilha técnica das duas áreas, mais uma prova de que a dupla formação – em Direito e em Jornalismo – lhe garantiu um olhar singular para a realidade.

“Fiz as duas faculdades (Direito e Jornalismo) ao mesmo tempo. Então, todo esse processo de me inserir num campo também foi concomitante. No início, eu priorizei o Direito por conta dos pré-requisitos das disciplinas. Mas foi no jornalismo que comecei a fazer pesquisa, trabalhando com a análise de jornais”, lembra. Ali começava a trajetória no estudo das relações entre mídia e crime. “Me causava incômodo a forma como os jornais retratavam questões como presunção de inocência, como a mídia influenciava as decisões judiciais e outras grandes questões. Foi aí que começou minha trajetória na pesquisa”, lembra.

Olhar crítico para um sistema que não pune os poderosos

A partir daí, as pesquisas de Marília passaram a ser fruto de um tripé: as escolhas dos lugares onde fez sua formação (o mestrado foi na UFSC e o doutorado na Universidade Federal do Paraná, com período na Università di Bologna), sua jornada como professora (na Universidade Federal de Santa Maria, Faculdade Meridional, Unicuritiba, Ulbra e Unifra, entre outras) e as parcerias que se construíram ao longo do tempo.

Uma dessas parcerias, com o professor Gregg Barak, da Eastern Michigan University, lançou-a em um campo até então desconhecido, mas que hoje é uma das suas áreas de pesquisa: os crimes dos poderosos. Dessa parceria, surgiu um convite para lecionar nos Estados Unidos, como convidada, e uma nova possibilidade teórica: unir o que vinha estudando sobre as grandes corporações ao direito ambiental, que sempre a fascinou.

“Eu havia começado a lecionar uma cadeira em um mestrado que tinha como área de concentração ‘Direito, Democracia e Sustentabilidade’ e me deparei com um mundo novo, que me apaixonou”, lembra. Tocada pela história da indústria do amianto e descobrindo novas informações sobre a legislação e o uso da fibra, ela articulou os estudos e fez com que dialogassem.

A pesquisadora explica que seu olhar para as questões que envolviam direito e sustentabilidade também vinha de uma matriz crítica, a partir da percepção sobre um sistema penal que atua de forma seletiva também na esfera ambiental. Nesse sentido, os mecanismos de punição não atuariam entre os grandes poluidores, mas entre agentes mais frágeis, como pescadores artesanais, por exemplo. “As ferramentas do Direito não me pareciam coerentes, pois há uma insustentabilidade do sistema penal nas causas que envolvem a sustentabilidade”.

A construção da identidade como pesquisadora, muito tributária também das parcerias que construiu no exterior, deu lugar a uma investigadora com adesão ao trabalho empírico. Segundo Marília, essa tradição é menos comum no Brasil, mas é onde ela decidiu se firmar – também por conta da experiência com pesquisa em comunicação, quando ainda era estudante de iniciação científica.

Assim, sua proposta de pesquisa no pós-doutorado envolvia o estudo de discursos nas revistas médicas para compreender as relações das grandes corporações e do Estado no caso do amianto – fibra cancerígena utilizada na indústria. Uma das suas descobertas desse período é de que cientistas que trabalhavam para a indústria publicavam papers assegurando que o amianto não causava riscos à saúde humana sem declarar conflito de interesses. Isso gerava, no debate público, uma sensação de que havia uma controvérsia com relação aos efeitos cancerígenos do produto, por isso Marília decidiu estudar os discursos científicos.

Mas o contato com vítimas reais e com seus depoimentos fez com que o objeto mudasse – desistiu de estudar o discurso científico para estudar as pessoas durante um período de pós-doutorado em Barcelona. Como nunca havia atuado com entrevistas, foi um desafio e uma corrida contra o tempo, baseada no ingresso em um novo campo da carreira, que envolvia, também, contato com os comitês de ética em pesquisa.

Com a parceria de Lorenzo Natali, desenvolveu uma metodologia inovadora, denominada solilóquios itinerantes, que consiste em fazer com que o entrevistado vítima do amianto, escolha um caminho pela cidade onde foi contaminado e desenvolva suas falas a partir dos lugares por onde passa. O material é gravado e registrado em vídeo. “O mais interessante é que os resultados da entrevista tradicional são completamente diferentes dos obtidos com os solilóquios. A entrevista tradicional apresenta um resultado mais formal”, comenta.

Entre a criminologia crítica, a criminologia verde e a criminologia corporativa, Marília tem sido pioneira, no campo do Direito, em áreas que são tradicionais nas ciências sociais, fora do país, mas ainda marginais no Brasil. Os méritos são colhidos com frequência: além do prêmio recebido com apenas dois anos de atuação na UFSC, foi recentemente uma das selecionadas, em toda a América Latina, para uma bolsa de estudos no Instituto de Criminologia da Universidade de Leuven, principal reduto da pesquisa em justiça restaurativa.

A determinação para lecionar, pesquisar e construir parcerias mundo afora preparam, para Marília, um espaço de ação que a coloca também como liderança em áreas tradicionalmente menos prestigiadas da vida acadêmica, como a extensão e a divulgação científica. Os projetos Infovírus: prisões e pandemia e Memória, luto e luta em tempos de pandemia: estratégias culturais para afirmação da vida diante da gestão da morte nas prisões, realizados em decorrência da pandemia, lançam um olhar para as prisões brasileiras, os detentos e as memórias daqueles que morreram. Uma forma de investigar, pesquisar, mas sobretudo de agir no mundo.

Prêmio Mulheres na Ciência

O Prêmio Mulheres na Ciência foi criado pela Propesq com o propósito de estimular, valorizar e dar visibilidade às pesquisadoras da UFSC. Também visa inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Confira a lista com todas as premiadas.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

 

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Mulheres na Ciência 2021

Prêmio Mulheres na Ciência: Ione Ceola Schneider

16/11/2021 13:02

Com um exemplar currículo no ensino superior, construído em instituições públicas, a professora Ione Jayce Ceola Schneider destaca-se hoje na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e é uma das vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, concedido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). Filha de um pedreiro e de uma professora da educação infantil, seu Ivo Schneider e dona Leopoldina Ceola, a caçula de três irmãos recorda com orgulho da luta dos pais para garantir boas condições de estudo e um melhor futuro.

Professora Ione Schneider é natural de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí. Foto: Acervo pessoal

Ione deixou a cidade de Presidente Getúlio, localizada na região do Vale do Itajaí, em 1995, para cursar o ensino médio em Florianópolis. Três anos depois passou no vestibular do curso de Fisioterapia para Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). “Tudo isso [a possibilidade de sair da cidade natal para estudar] foi um sacrifício da minha família, pois não havia possibilidade de arcarmos com os custos de uma universidade privada”, relembra.

Depois da graduação, a fisioterapeuta começou a trabalhar em uma clínica oncológica. Nesse período, realizou um curso de coordenação da Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica e recebeu o prêmio de Profissional do Ano, em 2006. Paralelamente, tornou-se voluntária da Associação Brasileira de Portadores de Câncer, entre os anos 2003 e 2009, e participou de alguns cursos da American Cancer Society, que lhe ampliaram o conhecimento sobre gerência e gestão de projetos e controle do câncer.

A trajetória acadêmica

A carreira acadêmica iniciou-se com a graduação em Fisioterapia pela Udesc. Foto: Acervo pessoal

Em 2006, Ione Schneider decidiu dar continuidade à pesquisa e ingressou no mestrado em Saúde Pública da UFSC, com o objetivo de analisar a sobrevida de mulheres com diagnóstico de câncer de mama. “Nesse programa conheci a professora Eleonora d’Orsi, que me acolheu de forma acadêmica e maternal e me auxiliou no meu direcionamento. A Eleonora trabalhava com a linha de pesquisa de Epidemiologia do Câncer, área que eu me identificava totalmente e estava vinculada às minhas experiências anteriores”.

A pesquisadora conta que no período da pós-graduação iniciou a busca por novos cursos, aprendeu estatística e gerenciamento de banco de dados para, assim, “entender e saber fazer o que os artigos científicos mostravam”. Ela defendeu sua dissertação e enviou o resumo para dois importantes eventos: o Congresso Mundial de Epidemiologia, promovido em 2008 no Brasil, e o San Antonio Breast Cancer Symposium, no Texas, Estados Unidos. Os resultados de sua dissertação repercutiram na imprensa, uma vez que o trabalho relacionou o maior risco de óbitos em decorrência do câncer de mama a mulheres de baixa escolaridade, resultados que previamente não eram muito explorados, conforme explica Ione.

Pesquisadora auxiliou na organização e condução do estudo EpiFloripa. Foto: Acervo pessoal

Durante o doutorado, a pesquisadora auxiliou na organização e condução do estudo EpiFloripa – Condições de Saúde de Adultos e Idosos de Florianópolis. Em sua tese, defendida em 2013, na UFSC, a professora explorou o conhecimento e prática em relação à mamografia em mulheres adultas e idosas de Florianópolis. A partir do trabalho, publicou dois artigos científicos: um na Revista Brasileira de Epidemiologia e outro na Revista Cadernos de Saúde Pública. Dois anos após sua defesa, iniciou um estágio pós-doutoral no Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London (UCL), no Reino Unido, com uma bolsa CNPq – Ciências sem Fronteiras. Na experiência, foi supervisionada pelo pesquisador brasileiro Cesar de Oliveira e teve contato com os dados do estudo sobre envelhecimento daquele país, o ELSA (English Longitudinal Study of Ageing).

Em uma declaração de apoio à candidatura da professora Ione, Cesar de Oliveira, principal research fellow no ELSA, ressaltou que a colega aprofundou seus conhecimentos científicos nas áreas dos determinantes sociais da saúde e do envelhecimento populacional. “Seu brilhante domínio na área estatística foi um dos destaques de seu período na UCL. A colaboração científica existente entre a UFSC e a UCL, liderada pela professora Ione, tem resultado em publicações importantes em revistas científicas internacionais de alto impacto. Além do aspecto científico de alto nível, a professora possui uma ética e profissionalismo que impressionaram os professores e equipes de pesquisa do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London”, escreveu.

A carreira docente

Ione é docente docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Araranguá) e em Saúde Coletiva e em Neurociências (Florianópolis). Foto: Acervo pessoal

O ingresso como docente da UFSC ocorreu em outubro de 2015. Atualmente a professora integra o Departamento de Ciências da Saúde, do Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde do Campus Araranguá. É docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, em Araranguá, e dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e em Neurociências, em Florianópolis, todos da UFSC. “Ao assumir como professora, cria-se o desafio de entender todos os processos que a instituição tem e que, como estudante, eram desconhecidos. Conciliar ensino, pesquisa, extensão e administração são tarefas, às vezes, desgastantes”, diz.

Ione revela que sempre procurou também participar ativamente das atividades administrativas. “Ainda durante o estágio probatório fui chefe de departamento, e atualmente sou coordenadora de ensino do Departamento de Ciências da Saúde. Nos programas de pós-graduação, oriento mestrado e doutorado. Já tive 6 orientações de mestrado concluídas e todas de estudantes mulheres”. Faz parte também do quadro de colaboradores do Global Burden of Disease (GBD), coordenado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e do grupo de pesquisadores da Rede GBD Brasil. Desde 2014, Ione colaborou em mais de 30 artigos publicados pelo grupo, sendo que um desses trabalhos possui mais de 6 mil citações.

No ano passado, Ione Schneider foi citada na pesquisa conduzida por uma equipe da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que utilizou as citações da base de dados Scopus até 2019. O estudo publicado no Journal Plos Biology, em 16 de outubro de 2020, identificou os cientistas mais influentes do mundo, e o nome da pesquisadora da UFSC figura entre os 2% melhores cientistas de sua área de subcampo principal, entre aqueles que publicaram pelo menos cinco artigos. Dos professores da Universidade listados na pesquisa, Ione é a única servidora de fora do Campus Florianópolis. A citação fez com que recebesse uma Moção de Aplausos da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) e uma Moção de Aplausos e Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Presidente Getúlio, sua cidade natal.

A mais recente conquista da professora Ione foi o Prêmio Mulheres da Ciência, na área de conhecimento Ciências da Vida, na Categoria Júnior, voltada a pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da Universidade a partir de 2014. “Essa conquista me remete a relembrar todas as etapas da minha vida, todas as pessoas que passaram pelo meu caminho, que me auxiliaram, que estiveram ao meu lado. Não foram só momentos exitosos nesses anos. Assim, sou grata a todos que contribuíram para que eu tivesse a oportunidade de chegar até aqui. Também sei das responsabilidades que essa conquista traz: ser exemplo, especialmente às minhas orientandas. É um caminho árduo para muitas que têm filhos, trabalham, ficam longe das famílias, mas incentivo a seguirem e estarei aqui para ajudá-las a superar esses desafios”, diz a docente.

A pesquisadora destacou a importância da UFSC em toda sua formação após a graduação. “Aprendi muito aqui e ainda aprendo. Agradeço aos professores que me ajudaram na formação e aos meus colegas de Departamento, os quais fizeram a indicação do meu nome para o prêmio. Esses reconhecimentos são importantes para que os profissionais sejam lembrados. Atuamos em diversas atividades dentro da Universidade e, muitas vezes, somos pouco reconhecidos pela sociedade. Somos professores, ministramos aulas, compartilhamos, mas desenvolvemos pesquisas, vamos sempre em busca de novos conhecimentos”, finalizou.

Maykon Oliveira/Jornalista da Agecom/UFSC

 

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Mulheres na Ciência 2021

Prêmio Mulheres na Ciência: Christiane Fernandes Horn

08/11/2021 13:25

A trajetória e as pesquisas científicas de Christiane Fernandes Horn são o foco da primeira reportagem da série sobre as vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC). A professora do Departamento de Química e coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Química Inorgânica Medicinal e Catálise foi a contemplada na área de Ciências Exatas e da Terra, Categoria Júnior – voltada às pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da UFSC após 31 de dezembro de 2013.

O prêmio reconhece a qualidade e a originalidade da produção científica de Christiane. Com pouco mais de dois anos e meio atuando como docente na UFSC, ela foi responsável pela implantação de projetos de pesquisa inovadores no Departamento de Química. Seus estudos, realizados em parceria com diferentes departamentos da Universidade e de outras instituições, envolvem a síntese de moléculas em laboratório e a análise de suas atividades biológicas, que incluem propriedades antioxidantes e a capacidade de combater bactérias, protozoários e até o desenvolvimento de tumores. Os trabalhos já lhe renderam o depósito de nove pedidos de patente e podem, futuramente, colaborar para o desenvolvimento de novos medicamentos e possibilidades de tratamento para uma série de doenças.

É importante ressaltar que os avanços científicos são sempre fruto de muito esforço e investimento. A trajetória e a produção de Christiane não são exceção. “Eu trabalho nessa linha já tem bastante tempo. Comecei nessa linha em 2003, praticamente, e foi a área da minha formação, da minha iniciação [científica], do meu mestrado, e isso se solidificou no doutorado”, afirma a docente. 

Carreira acadêmica

Foi durante a graduação, ao apresentar um trabalho no congresso da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) de 1992, que o mundo da ciência se abriu para ela: “Vi pessoas de outros lugares, fazendo outras coisas que eu desconhecia, e aí deu aquele estalo: eu falei ‘ah, eu acho que é isso que vou querer fazer’”. Em 1994, formou-se no Bacharelado em Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e logo ingressou no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Química da UFSC, onde também, na sequência, fez seu doutorado.

Entre 2002 e 2003, realizou pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, de 2003 a 2018, foi professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Lá, criou e consolidou o Grupo de Pesquisa em Química de Coordenação e Bioinorgânica. Nesse meio tempo, fez ainda dois pós-doutorados: na Texas A&M University (EUA) e na University of Queensland (Austrália). Em fevereiro de 2019, voltou à UFSC, dessa vez como professora.

Christiane com o aluno de doutorado Lucas Brandalise Menezes. Foto: arquivo pessoal

Nem tudo foi planejado. O percurso envolveu muita capacidade de adaptação – o que, segundo ela, é uma característica essencial para se trabalhar com ciência no Brasil. “A gente foi fazendo o que aparecia, porque não dá para você dizer ‘eu quero isso ou aquilo’. O momento do país, tudo isso acaba mudando um pouco seus planos. Mas, em geral, eu consegui me dedicar sempre à pesquisa.”

Ao terminar o doutorado, por exemplo, devido à suspensão temporária de concursos públicos pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, buscou a bolsa de pós-doutorado e, durante seu período na UFRJ, mudou totalmente sua linha de pesquisa – retomada pouco depois, ao ingressar na UENF. O contexto atual, marcado pelos sucessivos cortes no orçamento destinado à ciência, também tem exigido ajustes.

“Você tenta levar para o seu lado, mas às vezes não consegue. A gente trabalha muito com financiamento, e às vezes você não tem dinheiro para tocar a pesquisa que quer fazer. Por exemplo, eu tenho uma linha de pesquisa em câncer e não consigo mais trabalhar com isso porque não tenho verba. Então, a gente vai para outras coisas”, destaca.

“No momento, não tenho nenhum tipo de recurso financeiro, tive que parar com trabalhos que demandavam muito dinheiro. Por exemplo, a parte de antitumoral requer kits que são comprados fora do país, então agora, com a alta do dólar, é praticamente impossível tocar esse tipo de pesquisa. Tive que novamente virar o barco para o lado que a gente conseguisse remar. Então, passei a procurar novos colaboradores”, adiciona a pesquisadora.

Química inorgânica medicinal

Christiane com a mestranda Bruna Segat e o doutorando Samuel de Macedo Rocha. Foto: arquivo pessoal

Atualmente, Christiane tem se dedicado principalmente a dois projetos de pesquisa. Um deles, desenvolvido em parceria com a professora do Departamento de Análises Clínicas da UFSC Karin Silva Caumo, visa ao tratamento da ceratite amebiana – uma infecção na córnea, causada por um protozoário e que não tem cura, podendo levar à cegueira. Os resultados iniciais são promissores. Os testes em laboratório indicam que o composto desenvolvido pela equipe consegue matar o protozoário tanto em sua fase ativa quanto na forma de cisto, quando ele fica envolvido por uma espécie de casca resistente que o protege de condições desfavoráveis (incluindo os efeitos de medicações).

“Alguns medicamentos não conseguem matar [o protozoário], eles só dão uma reduzida na quantidade, ou às vezes inativam”, explica Christiane. “A gente já fez uma patente desse trabalho com a ceratite e está avançando bem positivamente no sentido de talvez obter uma solução de limpeza para lente de contato ou uma formulação para um novo medicamento. Ainda é bastante trabalhoso chegar nesse produto final, mas a gente está nesse caminho”, complementa. O composto, aliás, já foi objeto de outra patente de seu grupo, mas, neste caso, o objetivo foi registrar sua aplicação antitumoral.

O segundo projeto é realizado em colaboração com a professora do Departamento de Bioquímica da UFSC Alexandra Susana Latini e envolve a utilização de compostos produzidos pela equipe para a remediação do estresse oxidativo – desequilíbrio entre os radicais livres e a defesa antioxidante do corpo, que pode levar a uma série de doenças. O grupo trabalha “com esses modelos em que você tem um desbalanceamento, muita produção de espécies reativas. E esses compostos aparentemente, pelos resultados que estamos tendo, atuam minimizando essa situação”, esclarece Christiane. O objetivo é desenvolver um novo medicamento que possa colaborar para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer. O estudo, contudo, ainda está em fase inicial – começou em 2019 e foi interrompido no ano seguinte, em função da pandemia de covid-19, sendo retomado em 2021.

Mulheres na ciência

O Prêmio Mulheres na Ciência foi criado pela Propesq com o propósito de estimular, valorizar e dar visibilidade às pesquisadoras da UFSC. Também visa inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência.

Christiane com suas alunas de graduação e bolsistas de iniciação científica Nathália Nardi e Ana Paula Cardoso. Foto: arquivo pessoal

Para Christiane, concursos como esse, além de darem visibilidade às cientistas e mostrarem à sociedade que há mulheres fazendo pesquisas de qualidade, colocam em evidência as desigualdades existentes na área. “Isso é uma coisa importante, porque culturalmente, a gente está sempre um degrau abaixo. Ou vários. Então, mesmo que a gente faça, não aparece da mesma forma que aparece para os homens. A cobrança para as mulheres é maior, as oportunidade são menores, a dificuldade para conciliar todas as coisas e conseguir ter uma carreira, acho que para mulher é muito mais difícil. Mas mesmo assim há mulheres fazendo.”

Ela conta que, quando entrou na graduação, no início dos anos 90, eram raras as referências de mulheres cientistas – o que foi mudando gradativamente, principalmente com o ingresso de mais professoras nas universidades ao longo do tempo. Apesar disso, nunca teve oportunidades negadas em função de seu gênero. “Acho que a gente sente mais no dia a dia”, comenta. São fatores como “aqueles beliscõezinhos que a gente leva”, as pequenas (e nem sempre sutis) ações machistas do cotidiano, que chateiam e incomodam. E também outras questões que comprometem de maneira mais direta a dedicação ao trabalho e o desenvolvimento da carreira, como a carga de trabalho doméstico mais elevada e a maior responsabilização pelo cuidado dos filhos.

“Nosso grande problema é conciliar tudo. Digo porque tenho dois filhos. É muita pressão para você fazer tudo. Realmente, se você for contabilizar o tempo que se dedica às atividades domésticas, está longe de ser paritário, você faz muito mais coisas. De algum lado esse tempo tem que sair, então você precisa justamente dormir menos, se distrair menos com as coisas, ser mais focado, mais objetivo”, relata, enfatizando a necessidade de políticas públicas que contemplem essas questões. “Infelizmente, a carga em cima da mulher é muito maior. Ela tem muito mais responsabilidade familiar. Esse é um dos pontos, não acho que seja um ponto negativo, mas é um ponto que atrapalha. Enquanto não tivermos políticas favoráveis, a gente vai ter esse quadro desigual sempre.”

Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Mulheres na Ciência 2021

No aniversário de Marie Curie, UFSC apresenta série com perfis de vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021

08/11/2021 13:22
 

Há 154 anos, nascia, em Varsóvia, uma cientista revolucionária. Maria Salomea Skłodowska, a Marie Curie, foi premiada, celebrada e biografada como a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel de Física, em 1903, que dividiu com o companheiro Pierre Curie. Mais tarde, ela também ganhou o prêmio na área de Química, mesclando uma trajetória na pesquisa que contribuiu, entre outras coisas, com a descoberta da radioterapia. Sua história de imigrante e de mulher fez com que fosse vítima de preconceito – o que a transformou, também, em um símbolo de empoderamento e de resistência.

Neste domingo, 7 de novembro, data de aniversário de Marie Curie, a Agência de Comunicação da UFSC lança uma homenagem para as nove mulheres vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC) e da Comissão de Equidade da UFSC. Ao longo das próximas semanas semanas, a trajetória das cientistas será veiculada e celebrada nas páginas e redes sociais da instituição.

Para a Propesq, a outorga do prêmio simboliza um reconhecimento às mulheres cientistas, que precisam, diariamente, superar a invisibilidade. O prêmio foi criado com o objetivo de homenagear mulheres cientistas e incentivar a participação feminina de forma igualitária na pesquisa acadêmica e contou com 72 inscrições. As pesquisadoras participaram, recentemente, de uma solenidade em que falaram sobre suas trajetórias.

O prêmio foi dividido em três categorias: júnior, para mulheres que ingressaram na UFSC após 2013; plena, para aquelas que chegaram à universidade entre 2000 e 2013 e sênior, para as professoras que chegaram antes de 2000. Também foram contempladas três áreas de conhecimento – Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas e Ciências da Vida.

Os perfis, redigidos por jornalistas da Agecom a partir de entrevistas e da análise dos documentos fornecidos para os avaliadores do prêmio, começam a ser publicados pela categoria Júnior, por ordem alfabética, seguindo o calendário:

Júnior

8/11 – Ciências Exatas e da Terra: Christiane Fernandes Horn (Departamento de Química, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas)

10/11 – Ciência da Vida: Ione Jayce Ceola Schneider (Departamento de Ciências da Saúde, Campus Araranguá)

12/11 – Ciências Humanas: Marília de Nardin Budó (Departamento de Direito, Centro de Ciências Jurídicas)

Plena

16/11 – Ciências Humanas: Daniela Karine Ramos (Departamento de Metodologia de Ensino, Centro de Ciências da Educação)

17/11 – Ciências Exatas e da Terra: Lucila Maria de Souza Campos (Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Centro Tecnológico)

19/11 – Ciências da Vida: Maria Jose Hotzel (Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, Centro de Ciências Agrárias)

Sênior

22/11 – Ciências da Vida: Ana Lucia Severo Rodrigues (Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas)

24/11 – Ciências Humanas: Cristina Scheibe Wolff (Departamento de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas)

26/11 – Ciências Exatas e da Terra: Regina de Fátima Peralta Muniz Moreira (Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, Centro Tecnológico)

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Mulheres na Ciência 2021
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