Prêmio Pesquisa de Destaque: projeto descobre respostas sobre o medo e a ansiedade com abordagem inédita

04/05/2022 15:21
 

Professor Roger Walz liderou pesquisa premiada

Desenvolver uma abordagem que permite a utilização de amostras de tecido cerebral humano para o estudo de mecanismos envolvidos no medo e na ansiedade, demonstrar de forma inédita a associação entre marcadores neuroquímicos específicos em estruturas cerebrais e manifestações clínicas de ansiedade em seres humanos; ampliar o conhecimento dos mecanismos neuroquímicos envolvidos com transtornos de ansiedade e estresse pós-traumático. Estes foram alguns dos objetivos atingidos pelo projeto Potenciais marcadores de prognóstico e alvos terapêuticos aplicáveis às doenças neurológicas e psiquiátricas, coordenado pelo professor Roger Walz, do Departamento de Clínica Médica, vencedor da categoria livre do Prêmio Pesquisa de Destaque da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC).

O estudo, focado em detectar marcadores de doenças neurológicas e psiquiátricas, é um dos trabalhos realizados pelo Núcleo de Excelência em Neurociências Aplicadas de Santa Catarina, que trabalha também com pesquisa clínica aplicada. A atuação nessas duas frentes possibilitou uma abordagem inovadora para compreender os mecanismos do medo e da ansiedade, questões que ainda provocam uma série de dúvidas à ciência médica.

Com essa abordagem, o grupo estudou amostras do tecido cerebral que é retirado dos pacientes submetidos a neurocirurgia de epilepsia, recurso utilizado em pessoas que não respondem a medicamentos. A abordagem é considerada inédita pois uma análise desse tipo só seria possível em cadáveres, mas como a cirurgia extrai o tecido cerebral dos pacientes o material pode ser aproveitado para fins científicos, com todos os procedimentos sendo devidamente monitorados durante a intervenção.

“Nós investigamos, nesse tecido cerebral, aspectos de neuroquímica, mais especificamente alterações de sinapses que podem ser quantificadas ‘in vitro’ através da técnica de Western Blot. Por incrível que pareça, é possível fazer isso”, explica o professor Walz, pesquisador 1A do CNPq. “Então, este tipo estudo não tem por objetivo testar um tratamento novo, mas utilizar o material que está disponível durante a assistência médica na nossa rotina para pesquisa básica, feita para se entender os mecanismos envolvidos nessa doença de interesse”, contextualiza. De acordo com ele, isso é o que se chama de pesquisa translacional do tipo bed to bench, cuja tradução significa do leito do hospital para a bancada de experimentação.

A detecção de marcadores de doenças neurológicas e psiquiátricas começou a ser possível por conta das cirurgias então realizadas no Hospital Universitário. O tecido cerebral dos pacientes foi rigorosamente estudado pela equipe e deu origem a um banco de dados. Os estudos investigam esses tecidos para compreender manifestações psiquiátricas nos pacientes, principalmente aquelas que envolvem a ansiedade e o medo aprendido, o stress pós-traumático. A pesquisa resultou em duas publicações na revista Molecular Psychiatry, do grupo Nature, periódico de alto impacto.

Muitas das respostas levantadas pela equipe, entretanto, vieram de perguntas que surgiram ao longo da pesquisa – um trabalho que envolveu, além da entrevista com os pacientes que passaram pela cirurgia, uma série de experimentos em laboratório. Para entendê-los, é necessário, antes, identificar o medo, o medo aprendido e a ansiedade como emoções que podem ser, de alguma forma, rastreadas no cérebro humano.

Emoções que deixam marcas

As manifestações psiquiátricas do medo e da ansiedade são reconhecidas pela literatura e também nos relatos dos pacientes, mas suas marcas no cérebro humano também podem ser rastreadas a partir de pesquisas como a realizada pelo grupo de Walz.

Sistema para Registro Eletrofisiológico para estudo de Populações Neuronais

De difícil conceituação, essas emoções podem ser descritas de um modo metafórico. O medo, por exemplo, pode ser simbolizado por aquela sensação de ser surpreendido por um carro ao atravessar a rua. “Na realidade, o que essa pessoa sente é uma resposta do corpo a uma ameaça iminente: o medo é uma resposta do corpo e, ao mesmo tempo, do cérebro. O medo é uma resposta natural fundamental para a preservação da espécie”, resume. Já a ansiedade, segundo o professor, é uma preocupação com algo que não aconteceu, mas que o paciente imagina ou se preocupa que possa acontecer. Em alguns casos esta preocupação gera respostas no corpo que lembram inclusive as observadas quando uma ameaça é eminente – gerando a resposta de medo. “Apesar de diferentes definições, acredita-se que os circuitos relacionados à sensação de medo e ansiedade têm sobreposição dentro do cérebro”, diz.

De acordo com o professor, a proximidade dos mecanismos que regem as sensações de medo e ansiedade sugeria que houvesse, também, uma semelhança com o estresse pós-traumático. Ele lembra que essa doença mobiliza a ciência por se tratar de um fenômeno ainda sem tratamento. Exemplos mais concretos seriam, por exemplo, uma situação de guerra, roubo ou violência sexual – quando a vítima retoma a sua vida com um histórico de lembranças e memórias que lhe causam prejuízos. “Embora exista uma certa relação entre o medo e ansiedade, os remédios que se usa para tratar a ansiedade não têm efeito sobre o medo aprendido, e portanto sobre o estresse pós-traumático. Então, essa é uma lacuna de entendimento dessas duas entidades que não tinha muita solução”, pontua o professor.

Alterações no cérebro

O professor lembra que o interesse era  investigar as alterações neuroquímicas que não são factíveis de serem estudadas em cadáver porque são extremamente sensíveis à falta de oxigênio e à falta de perfusão sanguínea do cérebro, inviabilizando estudos no tecido após a morte. “Antes da cirurgia, temos uma avaliação psiquiátrica bastante detalhada, com várias escalas. O psiquiatra aplica essas escalas, que guardam uma acurácia bem definida cientificamente não apenas para por diagnosticar depressão e ansiedade, mas também mensurar os níveis destes sintomas de uma forma objetiva, quantificável e reproduzível para aplicação em estudos científicos”, explica.

A primeira constatação da equipe foi de que, nos pacientes cuja escala demonstrava maior ansiedade, uma determinada alteração neuroquímica no cérebro se repetia, exatamente em uma mesma estrutura estudada, a amígdala, localizada na profundidade da região temporal – logo a frente da orelha. “Nós encontramos uma modificação química no cérebro que tem um correlato importante no funcionamento cerebral, no funcionamento de neurônios, e que se correlacionava, de forma contrária, ao nível de ansiedade: então, quanto mais ansiedade o paciente tinha, menos daquele marcador apresentava o paciente na amígdala”.

Implantação de microcânulas de infusão de fármacos no Sistema Nervoso Central

Em um dos artigos publicados a partir do estudo, a equipe demonstrou essa associação do medo e ansiedade com uma determinada alteração na amígdala dos pacientes. Depois, o professor seguiu procurando respostas para inquietações a respeito do tratamento para essas doenças. A ideia, então, foi bloquear essa via a partir de experiências com ratos.

Uma das tarefas comportamentais utilizadas foi o plus maze: um labirinto elevado para ratos tradicionalmente usado em pesquisas pré-clínicas com roedores, na área de ansiedade e medo. Nesta tarefa, o animal é colocado em uma plataforma de madeira em forma de cruz, elevada do chão. Um braço da cruz tem as paredes fechadas, e no outro a plataforma é aberta. A tendência dos animais é permanecerem na plataforma fechada e evitarem a aberta. A proporção de tempo nas duas plataformas é uma medida de comportamento de medo inato, análogo à ansiedade em humanos.

O professor pontua que, nesta tarefa, se o animal é medicado com ansiolítico benzodiazepínico como por exemplo Rivotril, Valium, Lexotam ou análogos, a tendência é que ele permaneça mais tempo no braço aberto do que no fechado. “Então, por analogia, sabemos que esse teste tem uma certa relação com ansiedade. E percebemos que a relação que observamos nos pacientes na qual, , quanto mais ansioso o paciente menos daquele marcador neuroquímico apresentava, também se repetiu nos ratos, e na mesma estrutura cerebral”.

O inibidor, entretanto, não causou nenhum efeito nos ratos com relação a ansiedade. Ainda buscando respostas para as emoções, a equipe decidiu, então, estudar o medo ao apresentar para o bicho uma ameaça real. A experimentação consistiu em medir o tempo de freezing (congelamento) do rato após a aplicação de um pequeno choque elétrico. “O tempo de congelamento é uma medida indireta de medo, quanto mais medo ele sente, mais tempo de congelamento”, explica o professor.

De acordo com o professor, a expectativa da equipe era que o inibidor diminuísse o tempo de congelamento. “Então, a gente tinha um marcador que caía à medida que subia a ansiedade no ser humano e esse mesmo marcador também caía no rato”, lembra o professor. O mesmo marcador, no entanto, subia quando a atenção se voltava ao medo aprendido.

Sabia-se que o mesmo marcador permeava a ansiedade no humano, ansiedade no rato e o medo no rato. Sabia-se, também, que ele não seria a causa e nem consequência da ansiedade no rato, porque os experimentos não demonstraram essa correlação. Por isso a equipe partiu para o estudo do medo.

“Utilizando a abordagem da micro injeção intracerebral, em um grupo de animais injetamos só uma solução inerte no grupo controle e, no outro grupo, a gente injetou um inibidor da proteína quinase investigada. E aí a gente teve efeito espetacular: quando a gente coloca aquele inibidor, o rato simplesmente não congela”, explica Walz. Ou seja, os resultados indicaram que o marcador, mesmo sendo o mesmo para ansiedade no paciente e ansiedade e medo nos ratos, não apresenta potencial para ser utilizado no tratamento de ansiedade, mas é potencialmente um alvo terapêutico para medo aprendido.

“Assim, embora a ansiedade e o medo apresentem certa sobreposição em termos de circuitos cerebrais e neuroquímica, nossos achados justificam, ao menos em parte, por que os tratamentos amplamente eficazes no tratamento da ansiedade não têm efeito no tratamento do estresse pós-traumático, que é um tipo de medo aprendido. “Então, por isso que esse artigo acabou tendo um impacto e a publicação numa revista importante”, explica Walz. “A gente espera, a partir de agora, continuar investigando outros marcadores de doenças psiquiátricas utilizando esta metodologia de pesquisa com o material da cirurgia de epilepsia”.

Além dos resultados científicos sólidos capazes de ampliar a compreensão de mecanismos envolvidos com transtornos de ansiedade, estresse pós-traumático e da síndrome do pânico, o estudo também foi importante por aproximar grupos de excelência em pesquisa básica e clínica, resultando na criação de uma rede de cooperação interdisciplinar. O estudo também contribuiu para a internacionalização da UFSC por meio da interação com pesquisadores da Inglaterra e estados Unidos. Participaram do estudo os pesquisadores Cristiane Ribeiro de Carvalho, Mark Willian Lopes, Leandra Celso Constantino; Alexandre Ademar Hoeler, Hiago Murilo de Melo; Ricardo Guarnieri , Marcelo Neves Linhares , Zuner Assis Bortolotto , Rui Daniel Prediger , Alexandra Latini , Kátia Lin , Julio Licinio e Rodrigo Bainy Leal.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Pesquisa de Destaque 2021

Prêmio Pesquisa de Destaque: projeto colabora para edifícios mais sustentáveis e eficientes

03/05/2022 14:05

Entender, promover e disseminar estratégias e técnicas para o desenvolvimento de edifícios que sejam adequados ao clima no qual estão inseridos, que aproveitem a iluminação natural, com maior eficiência energética e menor impacto ambiental, que busquem a redução do desperdício de água tratada e que levem em conta as necessidades dos usuários. Esses são os principais objetivos do projeto Adequação climática e uso racional de água em edificações, coordenado pelo professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Enedir Ghisi e vencedor da categoria Pesquisa Aplicada do Prêmio Pesquisa de Destaque, organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC).

Em andamento desde 2007, o projeto envolve uma ampla gama de assuntos que impactam diretamente o consumo de energia e a qualidade de vida das pessoas, incluindo desempenho e conforto térmico, aproveitamento da água da chuva, análise do ciclo de vida das construções, sistemas de iluminação integrados com a iluminação natural e comportamento do usuário. Nesses 15 anos, foram publicados mais de 140 artigos em revistas científicas e orientados mais de 150 estudantes e pesquisadores, da graduação ao pós-doutorado.

“Já foram vários trabalhos sobre isso, e a gente já tem algumas conclusões dos trabalhos realizados. Já sabemos que as edificações, de fato, não podem ser construídas de qualquer jeito, que é o que vem sendo feito no Brasil o tempo inteiro, desde longa data. Projeta-se a edificação e ela é construída daquele jeito em qualquer clima. Isso é errado. Não tem como funcionar. Uma casa projetada para ser construída em Florianópolis deveria ser diferente de uma casa em Lages; ela deveria ser diferente de uma casa em Belém, no Norte do Brasil; ela deveria ser diferente de uma casa no litoral do Nordeste, por exemplo. Cada edificação deveria ter características diferentes para cada um desses climas e para qualquer outro clima que a gente tem. Então, quando vemos os programas governamentais por aí, financiando a construção do mesmo projeto em todo o Brasil, temos algo completamente inadequado”, salienta Enedir.

Uma construção não apropriada ao clima local tem reflexos diretos no consumo de aparelhos como ar-condicionado ou ventilador, caso a pessoa tenha dinheiro para isso. “Senão ela vai morar numa casa onde ela vai sofrer mais, porque vai ser muito quente no verão, porque vai ser muito frio no inverno, e, se ela não tem recurso para comprar esses equipamentos, ela simplesmente vai sofrer lá dentro passando calor ou passando frio”, comenta o professor. O mesmo vale para outras questões, como a iluminação. Ambientes com bom aproveitamento de luz natural podem garantir a economia com iluminação artificial. “Qualquer tipo de edificação, uma casa, um prédio comercial, um prédio público, uma escola, assim por diante, todas elas deveriam levar isso em consideração”, enfatiza o docente.

O tipo de parede, o modelo dos vidros, características das telhas, a cor da tinta – tudo isso se reflete no consumo de energia e no conforto dos usuários. Alguns exemplos de erros que, segundo Enedir, ainda se repetem bastante, apesar de serem simples de se resolver, são a aplicação de tons escuros nas fachadas e o uso de janelas sem proteção externa além do vidro, como venezianas e persianas de PVC.

“Se é só a janela comum, pode ter muito mais ganho de calor no verão, porque não tem a barreira externa fazendo a proteção. Nas casas mais antigas, usava-se bastante a veneziana. Na casa dos meus pais, em Criciúma, tem veneziana, e é muito comum nas casas de lá, em várias casas no Sul do Brasil, ter aquela veneziana de madeira de abrir. A veneziana tem uma função muito boa, que é proteger contra o sol nos horários em que a pessoa não quer o sol. A gente tem ainda muitos prédios por aqui, os prédios mais antigos, principalmente, que têm as janelas sem proteção nenhuma. Isso é muito inadequado.”

Algo semelhante acontece quando se usam tintas escuras. Assim como você sua mais se sai de camiseta preta num dia quente, casas ou prédios de cores escuras absorvem muito mais calor que edificações claras. “Isso vai se refletir depois internamente na edificação: os moradores vão sofrer mais ou menos. Ou se tiverem recursos para comprar ar-condicionado, eles vão acabar comprando ar-condicionado, porque o desempenho da edificação é ruim”, reforça Enedir.

Projeto também inclui estudos em áreas públicas. Nas fotos, uma avaliação de sistemas de iluminação no campus da UFSC, em Florianópolis. Teste comparou lâmpadas a vapor de sódio, a vapor metálico e de LED. Fonte: dissertação de mestrado de Fabrícia de Oliveira Grando

Aproveitamento de água da chuva

Os estudos sobre uso racional da água tratada, aproveitamento de água da chuva e reutilização da água residual de processos domésticos como lavagem de louça e banho compõem outra importante linha do projeto. O foco é empregar a água da chuva e a água residual nos usos que não demandam água potável, como descarga, rega de jardim, etc. – o que pode representar uma fatia considerável do consumo total.

Um levantamento realizado pelo grupo de Enedir em dez prédios públicos de Florianópolis indicou que chega a 77% o percentual de água utilizada que não precisaria ser potável. “Poderia ser água de chuva, por exemplo. A gente poderia também usar equipamentos economizadores de água para reduzir esse consumo. A porcentagem é muito alta”, afirma o pesquisador.

Vale destacar que nem sempre é garantida a viabilidade econômica de se instalar sistemas para captação de água da chuva. “Vai depender muito de cada caso. Para uma mesma casa, por exemplo, pode ser viável ou inviável dependendo do consumo de água das pessoas lá dentro, além, claro, de outros parâmetros. Mas, se forem duas casas idênticas, em um mesmo lugar, para uma pode ser viável e, para a outra, não, porque em uma o consumo é diferente do da outra”, explica Enedir. Também pode ser bastante complexo determinar o tamanho do reservatório de água necessário para cada edificação.

Foi justamente para ajudar nesse tipo de análise que o grupo desenvolveu o programa de computador Netuno. De uso gratuito, o software permite calcular a capacidade ideal de armazenamento e o potencial de economia de água, além de realizar análises econômicas, com estimativas precisas dos custos e economias envolvidos.

Pavimentos permeáveis

Um dos trabalhos mais recentes da equipe na área de economia de água envolve as pesquisas com pavimentos permeáveis para captação e armazenamento de água da chuva. Esses pavimentos são projetados em um sistema que conta com distintas camadas. A água que escoa sobre essa superfície, em vez de ir para a sarjeta, atravessa todos os níveis do pavimento até chegar a um reservatório específico, de onde é bombeada para outros reservatórios do edifício.

Esquema de pavimento permeável e aproveitamento de água pluvial. Fonte: dissertação de mestrado de Lucas Niehuns Antunes

“A gente já fez uma análise para o CTC [Centro Tecnológico da UFSC], por exemplo. Os estacionamentos ali ao redor seriam usados para esse fim, filtrando a água nas diferentes camadas. [A água] fica armazenada numa camada de baixo, dali, seria bombeada para um reservatório de água de chuva que ficaria na parte térrea da edificação, e, de lá, ela é bombeada lá para o alto, para outro reservatório de água de chuva, que é o que atende os aparelhos lá dentro da edificação, o vaso sanitário, o mictório e outros aparelhos em que a gente quiser fazer uso daquela água da chuva”, relata Enedir.

“Os pavimentos que a gente já usa normalmente, sendo um pavimento permeável, ele poderia [ser aplicado para esse fim]. Esses pavimentos que a gente tem, por exemplo, aqui na UFSC, com as lajotas e alguns outros tipos de pavimentos, poderiam [ser utilizados], basta que a gente estude as camadas que compõem esse pavimento para ver o tipo de areia que se coloca, o tipo de brita, e assim por diante, para fazer a filtragem. Então, não é algo que implicaria em ter custos extras absurdos, é aproveitar o que já se tem”, complementa.

Conforme afirmou o professor Vernon Phoenix, chefe do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da University of Strathclyde, na Escócia, na carta de recomendação dirigida aos avaliadores do Prêmio Pesquisa de Destaque, o trabalho tem potencial para aumentar drasticamente a quantidade de água que pode ser coletada, quando comparado à abordagem tradicional de se coletar a água da chuva dos telhados. A inovação, para ele, é particularmente valiosa onde a área do telhado é relativamente pequena em comparação à densidade populacional e é fundamental para combater a escassez de água causada pelas mudanças climáticas.

Comportamento das pessoas

Não importa quantos cálculos se façam, mesmo os mais refinados projetos podem fracassar completamente se não levarem em conta as pessoas que frequentarão o local. Por isso, o grupo de Enedir tem se dedicado, também, a estudar o comportamento do usuário e sua influência no consumo de energia, bem como busca sempre considerar essa perspectiva em suas análises.

“O usuário tem um comportamento geralmente previsível, mas nem sempre. Então, se a gente projeta a edificação prevendo que o usuário vai estar lá dentro num determinado período, e ele não está lá dentro naquele determinado período, isso dá um resultado completamente diferente do que pode ter sido previsto originalmente”, comenta o docente. “Em grande parte dos casos, os profissionais projetam a edificação mas esquecem que tem pessoas que vão morar lá dentro ou que vão trabalhar naquele lugar ou que vão estudar naquela sala. Mas não deveriam, pois o comportamento das pessoas tem de ser levado em consideração”, adiciona.

Em uma pesquisa recente, por exemplo, uma estudante de graduação orientada por Enedir avaliou o nível de satisfação de usuários de uma creche que recebeu a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design, ou Liderança em Energia e Design Ambiental, na tradução para o português), concedida por uma organização estadunidense. “Ela fez as análises nessa creche, comparando com outras, e o nível de insatisfação das pessoas é alto, porque não estão satisfeitas com a temperatura dos ambientes, porque não tem ar-condicionado em determinados ambientes, e aí a temperatura fica muito alta, porque tem ruído do trânsito ao redor, ou outros inconvenientes. O usuário é sempre um fator muito importante a ser considerado, e que nem sempre é”, frisa o pesquisador.

Novos estudos e trabalho em equipe

Como aponta Enedir, os assuntos abordados no projeto não se esgotam e envolvem discussões sempre atuais e necessárias. Além disso, com as mudanças climáticas, projetos voltados à economia de energia e de água se tornam fundamentais, uma vez que devemos enfrentar temperaturas cada vez mais extremas, e crises hídricas tendem a ser mais constantes.

“É claro que algumas coisas vão mudando à medida que a gente percebe que novos equipamentos e novas tecnologias vão sendo desenvolvidas, a gente vai percebendo que tem que de novo testar e fazer análises com relação àqueles equipamentos e àqueles parâmetros que vão sendo colocados no mercado. É uma área de pesquisa permanente. Envolve a edificação, envolve as pessoas, envolve o clima, e isso tudo é objeto permanente de investigação”, enfatiza o professor.

Enedir ressalta, ainda, que trabalhos como esse não são feitos de maneira individual, mas resultam de esforços de múltiplas pessoas. “Tenho dezenas de doutorandos, mestrandos, alunos de iniciação científica, de TCC, que me ajudam a desenvolver os projetos. Já tive vários e tenho ainda vários no momento. Sem eles, uma pessoa só não conseguiria fazer. A gente depende enormemente da contribuição de todos os alunos, e eu sou enormemente grato a todos os orientandos que tenho e que já tive, porque eles que me ajudam a fazer isso tudo.”

 

Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC

 

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Pesquisa de Destaque 2021

1ª Edição – Atualizações sobre o Prêmio Pesquisa de Destaque

07/03/2022 13:24

~~~~~Atualização em 06/12/2021~~~~

A Pró-reitoria de Pesquisa torna público o relatório da comissão julgadora do Prêmio Pesquisa de Destaque.

~~~~~Atualização em 02/07/2021~~~~

A Pró-reitoria de Pesquisa informa que estão abertas as inscrições para o Prêmio Pesquisa de Destaque.

Inscrições: Portal de Atendimento Institucional

~~~~~Atualização em 28/06/2021~~~~

A Pró-reitoria de Pesquisa publica o regulamento do Prêmio Pesquisa de Destaque e o Anexo I (editável). Acesse nos links:

Tags: Pesquisa de Destaque 2021

Prêmio Pesquisa de Destaque inicia inscrições nesta quinta-feira, dia 1º de julho

02/07/2021 11:19

O Prêmio Pesquisa de Destaque da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) iniciou o período de inscrições nesta quinta-feira, 1º de julho. A condecoração reconhece o mérito de projetos de pesquisa realizados na instituição cujos resultados são destaque na pesquisa científica, tecnológica ou de inovação. O objetivo da iniciativa é proporcionar ampla visibilidade aos premiados como forma de inspirar a comunidade interna e externa nos diferentes campos de conhecimento.

O grande benefício de premiar pesquisas na UFSC, na opinião do pró-reitor da Propesq, Sebastião Soares, é “expor à comunidade o trabalho incansável do corpo universitário no âmbito da pesquisa, a importância da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social do País e incentivar a divulgação dos trabalhos aqui realizados e a sua excelência”.

A premiação, aponta o gestor, é uma ação simbólica, que visa destacar o potencial de contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico do País e incentivar a realização de pesquisa científica, tecnológica e a inovação. Segundo ele, incentivar parcerias está também entre os objetivos almejados.

“A pesquisa realizada na UFSC tem uma grande interação com demandas dos diversos segmentos da sociedade, seja no âmbito da pesquisa aplicada ou básica. Ou seja, efetivamente estão conectadas com a sociedade e contribuem para a evolução do conhecimento”, salienta Soares.

A pró-reitoria lançou, no início de 2021 o Prêmio Mulheres na Ciência, que teve 72 pesquisadoras inscritas. “Esta ação [Pesquisa de Destaque] vem se juntar às ações que lançamos e pretendemos lançar, para o reconhecimento anual de pessoas à frente da pesquisa na UFSC. O prêmio lançado hoje tem foco voltado ao reconhecimento de uma obra, uma pesquisa inovadora, não é focado no pesquisador ou na pesquisadora. Difere-se nesse sentido, mas é igualmente relevante: esta premiação reconhece uma obra, as outras premiações reconhecerão a contribuição como um todo, o conjunto da obra de quem pesquisa na UFSC”, ressaltou Sebastião Soares.

>> Conheça o regulamento do Prêmio Pesquisa de Destaque

O Prêmio Pesquisa de Destaque elegerá vencedores em duas modalidades: a. Categoria Pesquisa Básica, que abrange pesquisas voltadas para o desenvolvimento de teorias e compreensão de fenômenos aplicáveis em longo prazo em qualquer área do conhecimento; e b. Categoria Pesquisa Aplicada, que compreende pesquisas voltadas para tecnologias e inovações que possam ser aplicadas em curto ou médio prazo, em qualquer área do conhecimento.

Podem concorrer projetos de pesquisa registrados no Sigpex a partir de 2017, independentemente da grande área do conhecimento à qual esteja vinculado. As inscrições podem ser feitas por meio do Portal de Atendimento Institucional (PAI) da Propesq, disponível na página premiospropesq.ufsc.br.

A Comissão Julgadora que avaliará as pesquisas candidatas será composta por até cinco membros, sendo um representante da Propesq, um representante da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e até três pesquisadores nível 1 do CNPq e externos à UFSC. Os membros do júri não devem ter histórico de colaboração ou laços familiares com nenhum dos candidatos.

O prêmio Pesquisa de Destaque confere a cada vencedor: um diploma de reconhecimento; um vídeo realizado pela Agência de Comunicação da UFSC para divulgação científica, a ser veiculado em canais de ampla comunicação; e uma posição de destaque no Portal Permanente de Pesquisadores de Destaque.

A honraria será entregue a cada ano, em sessão solene no Conselho Universitário da UFSC (ver cronograma).

ATIVIDADE DATA
Período de inscrições (Portal de Atendimento Institucional) De 01/07/2021 a 31/08/2021
Avaliação pela Comissão Julgadora Setembro e outubro de 2021
Divulgação dos(as) selecionados(as) Outubro de 2021
Gravação do vídeo (produção presencial) A partir de outubro de 2021
(a depender do status da pandemia, podendo ser adiada)
Cerimônia de entrega do prêmio Outubro de 2021

Mais informações na página premiospropesq.ufsc.br

Fonte: Notícias UFSC

Tags: Pesquisa de Destaque 2021